quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Diz Stephen Hawking num dos seus livros:
“Se descobrirmos uma teoria completa, ela será inteligível nos seus princípios, para todos, com o passar do tempo; e não apenas para poucos cientistas. Assim, todos nós, filósofos, cientistas e pessoas comuns, devemos ser capazes de tomar parte na discussão da questão pela qual o Universo e nós mesmos existimos. Se encontrarmos a resposta para isso, ela será o triunfo definitivo da razão humana – pois aí poderemos conhecer a mente de Deus.”
Alberto D’Assumpção entregou-se a essa descoberta para trazer à nossa percepção o propósito do Universo.
Tarefa difícil essa de ser colocada na tela.
Alberto D’Assumpção, importa dizê-lo, é filho do enigmático pintor Manuel D’Assumpção, percursor da corrente surrealista em Portugal e referência incontornável da mesma.
Partindo do Expressionismo Arquitíptico que pressupõe um auto-conhecimento, uma construção interior baseada no mito, na alegoria e no simbolismo que Alberto D’Assumpção sempre utiliza aí estão a circunferência, a esfera , o esquadro e o compasso, entre outras formas.
Na visão do artista é patente, porém a sua raíz alentejana.
Para ele a Luz e o Espaço realizam-se em Harmonia. Da harmonia celeste à harmonia terrena, porém a passagem é sempre estreita. Por detrás das formas e dos símbolos na abertura subtil de uma porta ilumina-se um caminho.
Uma advertência!
Não se vêem labirintos tudo é claro para quem Vê.
A Ética em que se funda a sua construção interior não lho permitem.
O movimento é constante, de planos que se projectam e de formas em rotação ou translação, nessa massa imensa de um Universo em expansão, síncrono, numa conjunção musical e mística.
Geómetra da pintura revela-se no lado lúdico da sua cor uma característica singular da sua expressão plástica, nela implicando o que sente com a intensidade do que nos pretende transmitir.
Pintor Esotérico para ele a arte é, sobretudo uma maneira de comunicar com o Invisível, de analisar as suas correspondências secretas de uma forma mágica, diria mesmo iniciática de, “criar entre o Indivíduo e o Cosmos um canal de comunicação, ou uma ponte e por ele(a) um movimento incessante de enriquecimento comum”.
Claro está finda a comunicação fica um quadro, um pedaço de tela coberto de cores, uma obra plástica única.
Se quisermos, apreender o seu sentido profundo, teremos de abrir bem os olhos para Vêr para além dela a Luz que a ilumina e as formas que a modulam ou as personagens ocultas que a povoam.
Ao analisarmos, porém, o aspecto propriamente plástico da sua obra o que se observa de imediato é o rigor, a medida e a minúcia que lhe é inerente. Porque motivo dir-se-á um Universo tão ordenado, num espaço tão bem repartido.
Pura Arte Real que se exercita na arquitectura secreta, para além das aparências enganadoras do Visível, numa rigorosa geometria só visível para os que detêm a chave do enigma.
Na passagem à mestria, o Mestre perfeito passa do esquadro ao compasso, sendo que este se vai ampliando, na medida justa e perfeita, para não mais condicionar a razão e o pensamento liberto.
Do que venho dizendo fácil será inferir que para Alberto D’Assumpção o acto de pintar é fundamental, de um valor sagrado, litúrgico mesmo. Celebrar o rito na sua cadência simbólica é mister de muito poucos. De iniciados dir-se-á. Dos autênticos acrescento eu.
É que quem procura nem sempre encontra. Tem de investigar, lêr, recortar, recolher, estar atento e afinal pintar depois de Vêr. Ilumina-se-lhe, então, a Esperança de descobrir o ritmo secreto do Universo e da Vida.
Quando assim é pinta!
No final, uma interrogação:
“Se este Universo com todas as suas dimensões foi feito para nós, ou dele apenas fazemos parte, perseguindo um sonho que o torna real”
Vamos Vêr a resposta do pintor.
Alberto continua a surpreender-nos!
Cascais, 23 de Janeiro de 2009

Amadeu Basto de Lima

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